Repensando o trabalho das gerações experientes na era digital

Repensando o trabalho das gerações experientes na era digital

Está mais do que na hora de refletir sobre as velhas gerações atuando no mercado de trabalho hoje. Existem aspectos sociais envolvidos com o tema e oportunidades também, mas a maioria das empresas não parece preparada para lidar com o choque de gerações e a diversidade.

Diante dessa afirmação, muitos podem se perguntar: por que as empresas deveriam se preocupar com isso? Você terá uma resposta detalhada dessa questão ao longo do texto, mas para não aumentar a expectativa, podemos lembrar uma frase popular entre os mais experientes: “Ah! Se eu soubesse o que sei hoje aos 20 anos!”.

Pode ser difícil para uma pessoa manter a energia da juventude e aproveitar melhor a experiência e a sabedoria da maturidade, mas, para uma empresa, pode ser mais fácil. Basta abrir espaço e integrar pessoas de diferentes faixas etárias, pois uma organização é um pouco de cada um de seus colaboradores.

Isso não significa que você está salvo da missão de instruir o seu colega idoso a não enviar mensagens de corrente no grupo da empresa, mas ele tem muito a ensinar também. Confira:

A grande mudança demográfica e de comportamento

É provável que você não suporte mais ouvir falar da reforma da previdência, mas temos apenas um detalhe para abordar sobre o assunto. Nem todos os problemas do sistema estatal derivam da má gestão dos recursos e se caracterizam como um déficit orçamentário ou fiscal.

A viabilidade financeira de qualquer seguro é avaliada com base em um cálculo atuarial, que projeta contribuições e benefícios ao longo do tempo. Nesse tipo de estudo, existe uma forte influência da variável da expectativa de vida. As velhas gerações tinham 3; 4; 5; muitas vezes mais de 10 irmãos.

Quando os pais se aposentavam, com idade próxima aos 50 anos, os filhos estavam contribuindo e não existia a expectativa de que o aposentado vivesse mais 20 ou 30 anos. Por isso, um batalhão de jovens em idade de trabalho contribuía para a aposentadoria de uns poucos idosos. Funcionava perfeitamente.

Nós envelhecemos

Atualmente, o percentual de pessoas mais velhas aumentou consideravelmente, o que gera problemas no sistema. Com aposentadorias mais magras, nem todos pouparam o suficiente para viajar  pelo mundo e precisam complementar a renda.

Para ter uma ideia mais concreta, segundo o livro “The 100 Year Life” (Bloomsbury Information Limited, 2016), de Lynda Gratton e Andrew Scott, nos Estados Unidos, a projeção de crescimento do mercado de trabalho é de 0,6% ao ano entre 2016 e 2026. Enquanto isso, a faixa etária entre 65 e 74 anos deverá crescer 4,2% ao ano; já o grupo de trabalhadores com mais de 75 anos projeta um crescimento anual de 6,7%.

Os idosos se tornaram mais ativos

Além disso, muitos idosos estão diariamente na academia, participam de maratonas e de outras atividades que muitos jovens não se arriscariam. Eles querem trabalhar e podem contribuir com experiência, ponderação e sabedoria — 85% deles pretendem trabalhar até os 70/80 anos.

Porém, as empresas fazem muito pouco sobre isso. No relatório de Tendências Globais de Capital Humano da Deloitte, de 2018, 49% dos entrevistados disse que suas organizações não fizeram nada a respeito. No lugar disso, 20% delas consideram os trabalhadores mais velhos como uma desvantagem competitiva. Mas será verdade? Vamos ver!

O engajamento das velhas gerações no trabalho

Os níveis de engajamento com a empresa aumentam conforme a idade. Talvez por estarem trabalhando em níveis hierárquicos mais baixos e por ainda não terem encontrado uma carreira que faça sentido para eles, os colaboradores mais jovens se envolvem menos com o trabalho.

Como resultado, as velhas gerações assumem um comportamento que favorece o alcance dos objetivos estratégicos e uma postura mais colaborativa, além de todos os outros benefícios de um trabalho engajado e comprometido.

A qualificação dos mais experientes

A experiência é um aspecto crítico nas organizações. Quando os trabalhadores mais vividos se aposentam, as empresas têm dificuldades para preencher vagas nas quais eles são mais importantes. Embora possamos observar mais acesso à formação qualificada, a tendência é de que ela não seja capaz de compensar os anos de vivência e aprendizado das gerações mais velhas.

A qualidade do trabalho das velhas gerações

Embora carreguemos o estereótipo de que o declínio cognitivo e a menor disposição prejudicam o desempenho dos mais idosos, esse fator não é verificado na prática. Certas habilidades que podem ajudar a fornecer um valor único para suas organizações, como as sociais, podem realmente melhorar à medida que envelhecemos.

Os colaboradores mais velhos podem ser tão criativos e inovadores quanto os mais jovens. Enquanto a velocidade e a capacidade de multitarefa tendem a diminuir após os 55 anos, a sabedoria costuma aumentar, o que pode facilitar julgamentos mais realistas. Vale a pena trabalhar para reter esses talentos.

A cidadania organizacional

A cidadania organizacional implica em comportamentos como uma atitude mais positiva, o cumprimento de normas, dos padrões de segurança e outras diretrizes. Podemos dizer que ela está alinhada com os objetivos de compliance. Os trabalhadores mais velhos são mais propensos a demonstrar uma cidadania organizacional positiva. Eles tendem a comportamentos como:

  • aparecer na hora certa;
  • evitar fofocas;
  • ajudar seus colegas;
  • manter suas frustrações sob controle;
  • serem leais, confiáveis e éticos;
  • mais hábeis; 
  • com fortes redes profissionais.

O relacionamento com os clientes mais velhos

As gerações de trabalhadores não estão envelhecendo apenas como colaboradores de empresas. Muitos empreendedores se encontram na mesma situação, e são eles que decidem quando parar de trabalhar. Eles podem diminuir o ritmo, buscar aproveitar melhor o que conquistaram, mas tendem a continuar ativos.

Lembre-se! Eles frequentam a academia e entendem que uma vida de qualidade depende de mantê-la ativa. Além disso, tiveram tempo suficiente para formar patrimônio e renda, por isso, têm um maior poder de compra. Qual a melhor forma de interagir e entender como eles se comportam e do que precisam se não envolver colaboradores que pensam como eles?

Além disso, um empresário mais idoso pode se sentir desconfortável ao receber auxílio e orientação de um profissional muito mais jovem, por exemplo. Por mais que ele seja capaz de perceber a afinidade e desenvoltura que as novas gerações demonstram em relação à tecnologia, eles também identificam visões que podem soar imaturas.

Para finalizar, um breve resumo sobre o que as empresas precisam fazer sobre as velhas gerações no trabalho. É recomendado que as diferentes gerações possam interagir para trocar experiência e conhecimento; que as empresas facilitem a acessibilidade ao ambiente de trabalho, permitam jornadas mais flexíveis e ofereçam programas para que os colaboradores mantenham uma vida de qualidade conforme envelhecem.

Desse aspecto, as mudanças recentes contribuem em muito para uma vida melhor e mais saudável, dentro e fora do trabalho, para novas e velhas gerações.

 

Fonte: transformacaodigital.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *